segunda-feira, 1 de junho de 2015

Escrito a ser estudado na reunião de palestra de junho

Um Barco para Atravessar o Mar dos Sofrimentos

Escrito a ser estudado na reunião de palestra de junho Explanação do presidente Ikeda publicada na revista Terceira Civilização, ed. 551, jul. 2014

“Isso significa que aquele que ensina aos outros mesmo uma única frase do Sutra do Lótus é o emissário d’Aquele que Assim Chega, independentemente de essa pessoa ser sacerdote ou leigo, monja ou leiga. O senhor já é um praticante leigo e, portanto, um dos bons homens descritos no sutra” (CEND, v. I, p. 33).

Explicação de trechos da frase:


Única frase do Sutra do Lótus: É a Lei de Nam-myoho-renge-kyo. O 10o capítulo do Sutra do Lótus, “Mestre da Lei”, afirma que qualquer pessoa que compartilha mesmo uma única frase do sutra é um enviado do Buda. O buda Nichiren nos explica que é devido a uma ligação cármica profunda que somos capazes de compartilhar “mesmo uma única frase do Sutra do Lótus”. Estes esforços produzem grandes benefícios precisamente porque compreendem as verdadeiras palavras do Buda.
Emissário d’Aquele que Assim Chega: “Aquele que Assim Chega” é um dos dez títulos honoríficos de um buda. Indica que um buda incorpora a verdade fundamental de todos os fenômenos (CEND v. I, p. 893). No budismo Nichiren, o “Emissário d’Aquele que Assim Chega”, refere-se àqueles que propagam a Lei Mística e se empenham na prática do shakubuku.
Bons Homens: Em relação à denominação “bons homens e boas mulheres”, apresentada no Sutra do Lótus, eles não são cha­mados de “bons” porque vinham de boas famílias, mas sim por­que firmaram o compromisso de seguir o caminho para o estado de Buda exposto por Sakyamuni — em outras palavras, o caminho para a verdadeira independência como ser humano e para a vitória na vida. “Bons” aqui não se refere à linhagem, mas sim à “excelência de intenção” (fonte: A Sabedoria do Sutra do Lótus).

Cenário histórico


Nichiren Daishonin escreveu esta carta em Kamakura em 1261, aproximadamente duas semanas antes de ter sido exilado na península de Izu. É uma carta enviada a um discípulo chamado Shiiji Shiro. Como esta é a única carta endereçada a ele, pouco se sabe sobre sua vida. Acredita-se que ele tenha desempenhado o papel de comunicador entre Daishonin e seus discípulos Shijo Kingo e Toki Jonin nos últimos anos de sua vida. Nesta carta, Nichiren afirma que ele e Shiiji Shiro compartilham uma profunda relação cármica do passado. Ele também elogia seu discípulo por sua luta pelo kosen-rufu com a mesma dedicação dele.

Entenda a frase do Gosho


Compartilhar “mesmo uma única frase” 
é uma nobre maneira de fazer shakubuku

Nessa carta, Nichiren Dai­shonin elogia Shiiji Shiro, um praticante leigo que propaga a Lei Mística, dizendo-lhe que ele é, sem dúvida, um dos “homens bons” descritos na passagem do sutra e, portanto, é um “emissário d’Aquele que Assim Chega”.
O significado e a missão de compartilhar até mesmo “uma única frase do Sutra do Lótus” são infinitamente profundos precisamente porque compreendem as verdadeiras palavras do Buda. Esses esforços produzem grande benefício. Isso também se aplica à nossa dedicação do dia a dia para compartilhar o Budismo de Nichiren Daishonin com as pessoas [shakubuku].
Realizar shakubuku não está restrito apenas a falar sobre doutrinas budistas difíceis. Não há necessidade de complicar as coisas. Você pode simplesmente compartilhar, sem rodeios e de forma honesta, suas experiências reais, sua alegria e convicção no poder da fé na Lei Mística. São palavras verdadeiras. Por exemplo, dizendo a alguém: “Com certeza você se tornará feliz com esta prática budista”; “Recitar Nam-myoho-renge-kyo transformará a sua vida” e “Não há dificuldade que não possa ser superada com essa oração”.
Palavras sinceras vindas do puro desejo da felicidade de um amigo; palavras de convicção e alegria que brotam das profundezas da vida; palavras de coragem e esperança para dissipar sofrimentos de um amigo — tudo isso são palavras que despertam a natureza de buda intrínseca dos outros. É por isso que compartilhar “mesmo uma única frase” por si só é uma sublime maneira de realizar o shakubuku, e porque esse nobre empenho certamente fará surgir boa sorte e maravilhosos benefícios.
Quem diz aos outros quão grandiosa é a Lei Mística, ou quão maravilhoso é o Budismo de Nichiren Daishonin, mesmo que apenas por meio de uma única orientação ou palavra, são, sem exceção, emissários do Buda. O próprio ato de compartilhar a Lei Mística é garantia de que acumularemos benefícios imensuráveis como dignos emissários, e nossa vida certamente brilhará de forma radiante, plena de boa sorte e benefícios, existência após existência.

A nobre missão dos membros da Soka Gakkai


O Budismo de Nichiren Daishonin é o ensinamento que desperta os indivíduos para a sua missão como emissários do Buda e os inspira a realizar a mesma prática de compaixão do Buda, permitindo-lhes ajudar muitos outros a conduzir uma existência feliz e vitoriosa.
“Nós devemos ter a máxima confiança de que somos nobres indivíduos emissários d’Aquele que Assim Chega. Não devemos nos subestimar”, declarou o segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, numa edição do periódico da Soka Gakkai chamado Kachi Sozo (“Criação de Valor”) do pós-guerra. E, referindo-se à nossa missão como membros da Soka Gakkai, ele continuou: “Nós somos emissários do Buda. Fomos enviados até aqui pelo Buda. Somos emanações de Daishonin. Apesar de parecermos pessoas comuns, somos, na verdade, extremamente dignos do mais alto respeito”.
Isso foi em 1946. Toda Sensei acabava de se erguer em meio às ruínas do Japão pós-guerra para embarcar na empreitada da reconstrução da Soka Gakkai.
Essa inspiradora declaração de Toda Sensei acendeu uma brilhante chama no coração dos membros. Nada se iguala à força de pessoas que despertaram para a sua missão. Coragem e convicção revivesceram no peito de todos e a esperança também floresceu na vida deles.
A conquista da meta lançada por Toda Sensei — da conversão de 750 mil famílias — concretizada mais tarde, também começou essencialmente com o despertar de cada membro para a sua missão.
Vivendo como emissários do Buda — apresentando o budismo para os seus amigos e percorrendo o grande caminho para a felicidade com eles —, os membros transbordavam da mais sublime alegria e passaram a expandir nossa rede de amigos bodisatvas da terra com ainda mais vigor.
Publicado em: Brasil Seikyo - Ed.2277 - Caderno Reunião de Palestra - Pg.D2 - 30/05/2015

terça-feira, 26 de maio de 2015

Prossigam confiantes no diálogo com o altivo orgulho de emissários do Buda

Edição 551 - Publicado em 26/Julho/2014 - Página 46
Explanação do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda
DIÁLOGO Presidente Ikeda incentiva de forma descontraída os jovens companheiros à beira do lago Shinji (Japão, set. 1972)
"SOL SUBLIME DA VIDA"Rainhas da Felicidade da BSGI comemoram os 63 anos de fundação da Divisão Feminina (jun. 2014)
AMIGOS DO MUNDO Membros da SGI-Escócia se reúnem e erguem uma faixa em agradecimento ao presidente Ikeda (jun. 2014)
VIBRANTES Membros da SGI-Gana comemoram os 30 anos de inauguração do centro cultural da localidade (maio 2014)
EM AÇÃO Jovens da SGI se dedicam à organização de exposições voltadas para a paz, cultura e educação
ALEGRIA SGI-Suécia realiza atividade comemorativa dos 25 anos da visita do presidente Ikeda (jun. 2014)
SUCESSORES IKEDA Integrantes da DE participam com atenção de uma atividade
EXPANSÃO Inauguração de um novo centro cultural da SGI-Coreia (maio 2014)
BRASIL MONARCA Membros da CRJ posam para foto após evento no Planetário da Gávea, Rio de Janeiro (jun. 2014)
“As pessoas que têm sua vida polida pela prática do Budismo de Nichiren Daishonin transbordam de um rico e abundante poder, que lhes permite compreender a realidade tal como ela é, evidenciam sabedoria e criatividade, superam as dificuldades e desfrutam de boa sorte e benefícios”

Trecho da carta

“Um Barco para Atravessar
o Mar dos Sofrimentos”


Quando perguntei a ele sobre o que o senhor comentou comigo outro dia, constatei que tudo ocorreu tal como me disse. O senhor deve, portanto, dedicar-se mais do que nunca na fé e receber os benefícios do Sutra do Lótus. Ouça com os ouvidos de Shi Kuang e observe com os olhos de Li Lou.
Nos Últimos Dias da Lei, o devoto do Sutra do Lótus aparecerá infalivelmente. Quanto piores forem as adversidades que recaírem sobre o devoto, maior será a alegria que ele sentirá devido à forte fé. O fogo não arde mais intensamente quando a lenha é adicionada? Todos os rios desembocam no mar; no entanto, poderia ocorrer de o mar rejeitar as águas deles? As torrentes de adversidades desaguam no mar do Sutra do Lótus e avançam contra o seu devoto. Assim como o oceano não rejeita as águas dos rios, o devoto não rechaça o sofrimento. Se não fosse pelo fluxo dos rios, não existiria mar. Da mesma forma, sem as adversidades, não existiria o Devoto do Sutra do Lótus. Conforme Tiantai declarou: “Os rios correm para o mar, e a lenha faz o fogo crepitar mais intensamente”.
O senhor deve compreender que, em razão de uma profunda relação cármica do passado, pode ensinar mesmo única sentença ou frase do Sutra do Lótus para os outros. No sutra consta: “Eles se recusarão a ouvir sobre a Lei correta — essas pessoas são difíceis de salvar”. “Lei correta” significa Sutra do Lótus; é difícil salvar os que se recusam a ouvir sobre este sutra.
Em uma passagem do capítulo “O Mestre da Lei” lê-se: “Se um desses bons homens ou uma dessas boas mulheres [na era posterior à minha morte, for capaz de expor secretamente o Sutra do Lótus a alguém, ainda que seja uma única frase], então deve reconhecer que essa pessoa é emissária d’Aquele que Assim Chega”. Isso significa que aquele que ensina aos outros mesmo uma única frase do Sutra do Lótus é o emissário d’Aquele que Assim Chega, independentemente de essa pessoa ser sacerdote ou leigo, monja ou leiga. O senhor já é um praticante leigo e, portanto, um dos “bons homens” descritos no sutra. Quem ouve pelo menos uma única sentença ou frase do sutra e a guarda no fundo do coração, pode ser comparado a um barco que cruza o mar dos sofrimentos do nascimento e da morte. O grande mestre Miaole declarou: “Mesmo uma única frase guardada no fundo do coração ajudará a chegar ao outro lado da margem. Ponderar sobre uma única frase e aplicá-la é exercer a navegação.” Somente o barco do Nam-myoho-renge-kyo possibilita alguém a atravessar o mar dos sofrimentos do nascimento e da morte.
O Sutra do Lótus menciona “uma pessoa que encontrou um barco para fazer a travessia”. Esse “barco” pode ser descrito da seguinte forma: Como um construtor de barcos de sabedoria infinitamente profunda, o Grande Iluminado Mundialmente Reverenciado, o senhor dos ensinamentos, coletou madeira dos quatro sabores e oito ensinamentos, aplainou-a, descartando totalmente os ensinamentos provisórios; cortou-a e juntou as tábuas, formando uma perfeita unidade do certo e do errado; e terminou a embarcação martelando os pregos do ensinamento único, que tem sabor comparável ao da manteiga clarificada. Assim ele lançou o barco ao mar dos sofrimentos do nascimento e da morte. Desfraldando as velas dos três mil mundos sobre o mastro do ensinamento único do caminho do meio, guiado pelo vento favorável do “verdadeiro aspecto de todos os fenômenos”, o barco avança levando a bordo todas as pessoas que podem “ter acesso somente por meio da fé”. O buda Shakyamuni maneja o leme; o buda Muitos Tesouros controla as velas; e os quatro bodisatvas liderados por Práticas Superiores remam com grande velocidade, em sincronia tão perfeita quanto o ajuste entre a caixa e a tampa. Esse é o “barco para fazer a travessia”. Os que conseguem subir a bordo são os discípulos de Nichiren. Acredite nisso de todo o coração. Quando o senhor visitar Shijo Kingo, por favor, converse sinceramente com ele. Voltarei a lhe escrever com mais detalhes.
Com profundo respeito.
(CEND, v. I, p. 33–34.)

Explanação


“Nós devemos ter a máxima confiança de que somos nobres indivíduos emissários d’Aquele que Assim Chega. Não devemos nos subestimar”,1 declarou o segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, numa edição do periódico da Soka Gakkai chamado Kachi Sozo (“Criação de Valor”) do pós-guerra.2 E, referindo-se à nossa missão como membros da Soka Gakkai, ele continuou: “Nós somos emissários do Buda. Fomos enviados até aqui pelo Buda. Somos emanações de Daishonin. Apesar de parecermos pessoas comuns, somos, na verdade, extremamente nobres e dignos do mais alto respeito”.3
Isso foi em 1946. Toda Sensei acabava de se erguer em meio às ruínas do Japão pós-guerra para embarcar na empreitada da reconstrução da Soka Gakkai. Apesar de longa, a guerra brutal chegou ao fim, a vida das pessoas estava repleta de dificuldades e privações, a miséria e o desespero eram generalizados. Nesse momento, Toda Sensei articulou a nobre missão dos membros da Soka Gakkai. Todos, proclamou ele, são, sem dúvida, emissários do Buda, d’Aquele que Assim Chega; são indivíduos extremamente nobres e respeitáveis que propagam ideais do Budismo de Nichiren Daishonin para todo o Japão.
Essa inspiradora declaração de Toda Sensei acendeu uma brilhante chama no coração dos membros. Nada se iguala à força de pessoas que despertaram para a sua missão. Coragem e convicção revivesceram no peito de todos e a esperança também floresceu na vida deles.
A conquista da meta lançada por Toda Sensei — da conversão de 750 mil famílias — concretizada mais tarde, também começou essencialmente com o despertar de cada membro para a sua missão.
Vivendo como emissários do Buda — apresentando o budismo para os seus amigos e percorrendo o grande caminho para a felicidade com eles —, os membros transbordavam da mais sublime alegria e passaram a expandir nossa rede de amigos bodisatvas da terra com ainda mais vigor.
O Budismo de Nichiren Daishonin é o ensinamento que desperta os indivíduos para a sua missão como emissários do Buda e os inspira a realizar a mesma prática de compaixão do Buda, permitindo-lhes ajudar muitos outros a conduzir uma existência feliz e vitoriosa.
No escrito Um Barco para Atravessar o Mar dos Sofrimentos, que estudaremos nesta edição, Daishonin discute a missão e o benefício da dedicação como um emissário do Buda, ou seja, como um devoto do Sutra do Lótus. Estudei este escrito com todo afinco em minha juventude, até conseguir recitar suas frases de cor.
À medida que adentramos o mês de fevereiro [explanação realizada em 2012], o tradicional mês da propagação na Soka Gakkai, gostaria de reexaminar com vocês a nossa honrosa missão de compartilhar o Budismo de Nichiren Daishonin com as pessoas.
Quando perguntei a ele sobre o que o senhor comentou comigo outro dia, constatei que tudo ocorreu tal como me disse. O senhor deve, portanto, dedicar-se mais do que nunca na fé e receber os benefícios do Sutra do Lótus. Ouça com os ouvidos de Shi Kuang e observe com os olhos de Li Lou.4
Nos Últimos Dias da Lei, o devoto do Sutra do Lótus aparecerá infalivelmente. Quanto piores forem as adversidades que recaírem sobre o devoto, maior será a alegria que ele sentirá devido à forte fé. O fogo não arde mais intensamente quando a lenha é adicionada? Todos os rios desembocam no mar; no entanto, poderia ocorrer de o mar rejeitar as águas deles? As torrentes de adversidades desaguam no mar do Sutra do Lótus e avançam contra o seu devoto. Assim como o oceano não rejeita as águas dos rios, o devoto não rechaça o sofrimento. Se não fosse pelo fluxo dos rios, não existiria mar. Da mesma forma, sem as adversidades, não existiria o Devoto do Sutra do Lótus. Conforme Tiantai5 declarou: “Os rios correm para o mar, e a lenha faz o fogo crepitar mais intensamente”.6 (CEND, v. I, p. 33.)

A importância de ter olhos e ouvidos aguçados


Um Barco para Atravessar o Mar dos Sofrimentos é uma carta de Nichiren Daishonin enviada a um discípulo chamado Shiiji Shiro. Como esta é a única endereçada a ele, pouco se sabe sobre a sua vida. No final da carta, no entanto, Daishonin escreve: “Quando o senhor visitar Shijo Kingo,7 por favor, converse sinceramente com ele” (CEND, v. I, p. 34), e o nome de Shiiji Shiro também aparece em cartas8 endereçadas a Shijo Kingo e a Toki Jonin.9 Acredita-se que Shiiji Shiro tenha desempenhado o papel de comunicador entre eles e Daishonin, nos últimos anos de vida de Nichiren Daishonin. Por meio de Um Barco para Atravessar o Mar dos Sofrimentos, uma carta que expressa a confiança de Daishonin em seu discípulo, o nome de Shiiji Shiro chegou até nós como um modelo de fé.
No início da carta, Nichiren Daishonin refere-se a algo que Shiiji Shiro havia lhe relatado recentemente. Daishonin diz que ele confirmou o assunto com a pessoa em questão. E em agradecimento pelos precisos relatos de Shiiji Shiro, ele o encoraja a continuar em sua prática budista e assim obter os “benefícios do Sutra do Lótus” (Ibidem, p. 33). Ele também o instrui a ouvir e observar com cuidado e precisão com os “ouvidos de Shi Kuang” e os “olhos de Li Lou” (Ibidem).
Os “benefícios do Sutra do Lótus”, que Daishonin incentiva Shiiji Shiro a adquirir, diz respeito especificamente à bênção ou ao benefício da “purificação dos seis órgãos dos sentidos”,10 descrito no 19º capítulo do Sutra do Lótus, “Os Benefícios do Mestre da Lei”. Esse capítulo ensina que aqueles que propagam o Sutra do Lótus são beneficiados com a purificação de seus sentidos — incluindo excelente visão e audição — de forma a proteger e conduzir a si próprios e a outras pessoas.
As pessoas que têm sua vida polida pela prática do Budismo de Nichiren Daishonin transbordam de um rico e abundante poder, que lhes permite compreender a realidade tal como ela é, evidenciam sabedoria e criatividade, superam as dificuldades e desfrutam de boa sorte e benefícios.
Toda Sensei também falou diversas vezes aos jovens sobre Shi Kuang e Li Lou. Ele sempre dizia: “Para transformarmos a nossa sociedade e a nossa época, e garantir o desenvolvimento infalível do kosen-rufu, é importante que os jovens tenham olhos aguçados para discernir a verdade e ouvidos afiados para ouvir as vozes da verdade, isso em todos os aspectos”. Com essas palavras em mente, eu me dediquei sinceramente aos abrangentes estudos e aulas sob supervisão de Toda Sensei.

Grandes dificuldades são a marca registrada do devoto do Sutra do Lótus


Em seguida, Nichiren Daishonin descreve importantes pontos sobre receber os “benefícios do Sutra do Lótus” na era maléfica dos Últimos Dias da Lei.
Ele afirma: “Nos Últimos Dias da Lei, o devoto do Sutra do Lótus aparecerá infalivelmente (CEND, v. I, p. 33). “Infalivelmente”, diz ele. Se o devoto do Sutra do Lótus não aparecesse, as palavras de ouro do Buda se tornariam falsas. Uma vez que as palavras do Buda são sempre verdadeiras, o aparecimento do Sutra do Lótus que conduzirá as pessoas dos Últimos Dias à iluminação é certo. Não aceitar isso é o mesmo que não aceitar a verdade do Sutra do Lótus. Além disso, não é ninguém senão o próprio Nichiren Daishonin, que veio realizando a prática do devoto do Sutra do Lótus e demonstrando a verdade do sutra.
Daishonin descreve os atributos que identificam o devoto do Sutra do Lótus. O principal deles está na declaração: “Quanto piores forem as adversidades que recaírem sobre o devoto, maior será a alegria que ele sentirá devido à forte fé” (Ibidem, p. 33).
A fé no Sutra do Lótus (Lei Mística) nos permite enfrentar as maiores dificuldades com a cabeça erguida e triunfar sobre elas serenamente. Encontramos inúmeras declarações nos escritos de Nichiren Daishonin que descrevem as dificuldades ou perseguições que enfrentou por causa da Lei como fonte de alegria: “De todas as pessoas (...) não houve ninguém que tenha sentido nossa incontida alegria” (Ibidem, p. 330); “Pelo que fiz, fui condenado ao exílio; porém este é um sofrimento menor, limitado à minha existência atual, e do qual não vale a pena lamentar-me. Em minhas existências futuras, desfrutarei imensa felicidade, e este pensamento me proporciona grande alegria” (Ibidem); e “Quanto mais as autoridades do governo me atacam, maior é a minha alegria” (Ibidem, p. 253).
Por maiores que sejam as dificuldades, nada supera a alegria de dedicar a vida à propagação do ensinamento correto do budismo, ajudando a aliviar o sofrimento da pessoa que está bem diante de nós e plantando as sementes da felicidade na vida dela. O Sutra do Lótus tem o poder de nos inspirar a conduzir uma vida de nobreza, força e honra insuperáveis. Viver de acordo com o Sutra do Lótus é por si mesmo a felicidade absoluta.
Nesta carta, Nichiren Daishonin cita uma passagem da obra Grande Concentração e Discernimento, de Tiantai, para esclarecer dois aspectos do estado de vida do devoto do Sutra do Lótus que enfrenta várias dificuldades.
Primeiro, o estado de vida do devoto é comparado ao fogo, e as dificuldades são comparadas à lenha. Colocando mais lenha, uma fogueira queima ainda mais rapidamente. Da mesma forma, as dificuldades fazem a chama da fé do devoto arder ainda mais intensamente, e também fortalece a consciência e a confiança da missão do devoto. Segundo, o estado de vida do devoto é comparado ao mar, e as dificuldades são comparadas aos rios. Daishonin fala de “torrentes de adversidades” que desaguam no “mar do Sutra do Lótus e avançam contra seu devoto” (cf. CEND, v. I, p. 33). Os rios correm para o mar e o mar não rejeita suas águas, em vez disso, aceita a água nele derramada, se avoluma e torna-se mais abundante.
“Todos os rios desembocam no mar; no entanto, poderia ocorrer de o mar rejeitar as águas deles?” (CEND, v. I, p. 33), sempre que leio essas palavras, penso na elevada condição de vida de Nichiren Daishonin, que jamais se permitiu ser derrotado pelas adversidades, ao contrário, ele as aceitou corajosamente e triunfou sobre elas. Eu me sinto profundamente emocionado uma vez mais.
As dificuldades fazem nossa fé arder ainda mais brilhantemente, o que nos permite manifestar um estado de vida tão vasto quanto o oceano e atingir o estado de buda infalivelmente. Quando praticamos o Budismo de Nichiren Daishonin, somos capazes de encarar as dificuldades como oportunidades ideais para transformarmos o nosso carma.
Daishonin afirma ainda que “sem as adversidades, não existiria o devoto do Sutra do Lótus” (Ibidem, p. 33). O fato de as perseguições descritas no Sutra do Lótus terem, na realidade, ocorrido na vida de Nichiren Daishonin é a prova concreta de que suas ações estavam corretas como o devoto do Sutra do Lótus nos Últimos Dias da Lei.

Esforçar-se para ser um
genuíno praticante


Durante a vida de Nichiren Daishonin, um considerável número de pessoas do Japão professava sua fé no Sutra do Lótus, mas essa prática consistia em pouco mais que ouvir explanações sobre o sutra ou transcrever suas passagens com o objetivo de obter benefícios pessoais. Essa visão do sutra era completamente diferente do verdadeiro espírito do Buda de trabalhar de todo o coração, mesmo nos momentos mais difíceis, para libertar a todos da ilusão e do sofrimento, conduzindo-os à iluminação. Com dedicação altruísta para propagar a Lei como o devoto do Sutra do Lótus, Daishonin revelou corajosamente a atitude errônea das pessoas em relação ao Sutra do Lótus naquela época.
O fundador e primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi, fez uma conhecida distinção entre aqueles que simplesmente acreditam no Sutra do Lótus e aqueles que realmente o praticam: “Deparar-se com obstáculos ou funções malignas é o que distingue os ‘genuínos praticantes’ dos ‘meros crentes’”.11 Ele estava dizendo, em outras palavras, que aqueles interessados unicamente em seu próprio benefício, que não enfrentam “os três obstáculos e as quatro maldades”,12 são “meros crentes”, enquanto os que se dedicam à prática de bodisatva em prol do kosen-rufu pela felicidade de si mesmos e dos outros e combatem ativamente “os três obstáculos e as quatro maldades” são “genuínos praticantes”.
É ninguém além dos três primeiros presidentes da Soka Gakkai e dos nossos dedicados membros do Japão e de todo o mundo que têm verdadeiramente se empenhado nessa empreitada como genuínos praticantes do Sutra do Lótus. É por isso que “os três obstáculos e as quatro maldades” e “os três poderosos inimigos”13 surgem para obstruir o nosso movimento. Pelo fato de cada membro ser um “genuíno praticante”, isto é, um devoto do Sutra do Lótus, a Soka Gakkai tem conseguido enfrentar inúmeras dificuldades e obstáculos com corajosa fé e triunfa absolutamente sobre cada adversidade.
O senhor deve compreender que, em razão de uma profunda relação cármica do passado, pode ensinar mesmo única sentença ou frase do Sutra do Lótus para os outros. No sutra consta: “Eles se recusarão a ouvir sobre a Lei correta — essas pessoas são difíceis de salvar” [cf. LSOC, cap. 2, p. 71 (LS, cap. 2, p. 37)]. “Lei correta” significa Sutra do Lótus; é difícil salvar os que se recusam a ouvir sobre este sutra.
Em uma passagem do capítulo “O Mestre da Lei” lê-se: “Se um desses bons homens ou uma dessas boas mulheres [na era posterior à minha morte, for capaz de expor secretamente o Sutra do Lótus a alguém, ainda que seja uma única frase], então deve reconhecer que essa pessoa é emissária d’Aquele que Assim Chega” [LSOC, cap. 10, p. 200 (LS, cap. 10, p. 162)]. Isso significa que aquele que ensina aos outros mesmo uma única frase do Sutra do Lótus é o emissário d’Aquele que Assim Chega, independentemente de essa pessoa ser sacerdote ou leigo, monja ou leiga. O senhor já é um praticante leigo e, portanto, um dos “bons homens” descritos no sutra. (CEND, v. I, p. 33.)

A importância de compartilhar “mesmo uma única frase do Sutra do Lótus”


Daishonin explica que é devido a uma ligação cármica profunda que somos capazes de compartilhar “mesmo uma única frase do Sutra do Lótus” (cf. CEND, v. I, p. 33).
No trecho anterior, ele descreve o estado de vida do devoto do Sutra do Lótus que confronta dificuldades e obstáculos — de fato, uma descrição de sua luta pessoal.
Mas muitos de seus discípulos começaram a duvidar da verdade da Lei Mística e a vacilar na fé quando viram os obstáculos surgirem e Daishonin ser perseguido. Podemos presumir que Shiiji Shiro, no entanto, continuou a defender bravamente Daishonin e a propagar seus ensinamentos. Nesta carta, Nichiren Daishonin afirma que ele e Shiiji Shiro compartilham uma “profunda relação cármica do passado” (CEND, v. I, p. 33). Ele também elogia seu discípulo por sua luta pelo kosen-rufu com a mesma dedicação dele.
Nichiren Daishonin cita primeiro uma passagem do segundo capítulo do Sutra do Lótus, “Meios Apropriados”, referindo-se ao fato de que algumas pessoas resistiram e se recusaram a ouvir a Lei — o ensinamento correto do Sutra do Lótus que o Buda propagou como o único caminho para atingir o estado de buda e que é difícil salvar esses indivíduos.
A única maneira de atingir o estado de buda é por meio da prática do ensinamento correto, razão pela qual não só Shakyamuni, mas todos os outros budas, o pregaram por todos os meios possíveis.
Esta passagem mostra quanto é difícil propagar o Sutra do Lótus na era posterior à morte do Buda, e com isso também enfatiza quão digno de respeito é o ato de empenhar-se na prática da propagação do ensinamento correto. Da mesma forma, o próprio ato de falar com os outros sobre o budismo é louvável. “A voz executa o trabalho do buda” (cf. OTT, p. 4). Nossa voz é o mais importante.
A voz tem um imenso poder. A voz repleta de coragem, confiança e compaixão toca o coração das pessoas e as comove profundamente.
Em seguida, Daishonin cita um trecho do décimo capítulo do Sutra do Lótus, “Mestre da Lei”, que afirma que qualquer pessoa que compartilha até mesmo uma única frase do sutra é um emissário d’Aquele que Assim Chega, um enviado do Buda para fazer o seu trabalho. Essa passagem diz que isto é verdadeiro para todos os que assim o fazem, independentemente do gênero. Daishonin vai ainda além ao dizer que não só transcende as distinções de gênero, mas também entre clérigos e leigos.
Ele elogia Shiiji Shiro, um praticante leigo que propaga a Lei Mística, dizendo-lhe que ele é, sem dúvida, um dos “homens bons” descritos na passagem do sutra e, portanto, é um “emissário d’Aquele que Assim Chega”.
O significado e a missão de compartilhar até mesmo “uma única frase do Sutra do Lótus” são infinitamente profundos precisamente porque compreendem as verdadeiras palavras do Buda. Esses esforços também produzem grande benefício. Isso também se aplica à nossa dedicação do dia a dia para compartilhar o Budismo de Nichiren Daishonin com as pessoas [shakubuku].
O shakubuku não está restrito apenas a falar sobre doutrinas budistas difíceis. Não há necessidade de complicar as coisas. Você pode simplesmente compartilhar, sem rodeios e de forma honesta, suas experiências reais, sua alegria e convicção no poder da fé na Lei Mística. São palavras verdadeiras. Por exemplo, dizendo a alguém: “Com certeza você se tornará feliz com esta prática budista”; “Recitar Nam-myoho-renge-kyo transformará a sua vida”; e, “Não há dificuldade que não possa ser superada com essa oração”.
Palavras sinceras vindas do puro desejo da felicidade de um amigo; palavras de convicção e alegria que brotam das profundezas da vida; palavras de coragem e esperança para dissipar sofrimentos de um amigo — tudo isso são palavras que despertam a natureza de buda intrínseca dos outros. É por isso que compartilhar “mesmo uma única frase” por si só é uma ótima maneira de realizar o shakubuku, e porque esse nobre empenho certamente fará surgir boa sorte e maravilhosos benefícios.
Foi com esse espírito que assumi a liderança das atividades de propagação [no Distrito Kamata] no bairro onde ficava a minha casa em Ota, Tóquio, seis décadas atrás; estava com 24 anos. Estendi a mão para uma pessoa após outra e as incentivei, com o objetivo de construir uma rede de bodisatvas da terra, que, por sua vez, iriam compartilhar com outras pessoas “mesmo uma única frase”.
Senti um poderoso desejo de relatar nosso sucesso na propagação do Budismo de Nichiren Daishonin e levar alegria ao presidente Toda, nosso mestre do shakubuku. Essa era a verdadeira motivação de meus esforços.
Eu considerava cada um de nossos membros um buda. Jurei respeitá-los e criar um ambiente no qual pudessem praticar livremente, com satisfação e realização. E me esforcei com a disposição de fazer o que fosse preciso para que isso acontecesse.
Aqueles que são capazes de dizer aos outros quão grandiosa é a Lei Mística, ou quão maravilhoso é o Budismo de Nichiren Daishonin, mesmo que apenas por meio de uma única orientação ou palavra, são, sem exceção, emissários do Buda. O próprio ato de compartilhar a Lei Mística é garantia de que acumularemos benefícios imensuráveis como nobres emissários, e nossa vida certamente brilhará de forma radiante, plena de boa sorte e benefícios, existência após existência.
Realizar o shakubuku,
Virtuosos benefícios,
Iguais aos do Buda.
Neste marco do 60º aniversário da Campanha de Fevereiro,14 [explanação publicada em 2012], quero louvar a todos os nossos membros, especialmente os jovens, que estão se esforçando energicamente pelo kosen-rufu e pela expansão da SGI, dialogando sobre o budismo com as pes­soas com o mesmo espírito que eu.
Quem ouve pelo menos uma única sentença ou frase do sutra [do Lótus] e a guarda no fundo do coração, pode ser comparado a um barco que cruza o mar dos sofrimentos do nascimento e da morte. O grande mestre Miaole15 declarou: “Mesmo uma única frase guardada no fundo do coração ajudará a chegar ao outro lado da margem. Ponderar sobre uma única frase e aplicá-la é exercer a navegação [para cruzar o mar dos sofrimentos do nascimento e da morte].”16 Somente o barco do Nam-myoho-renge-kyo possibilita alguém a atravessar o mar dos sofrimentos do nascimento e da morte. (CEND, v. I, p. 33.)

Sutra do Lótus — um barco para atravessar o mar dos sofrimentos do nascimento e da morte


Problemas e preocupações são situações inevitáveis na vida. E ninguém pode escapar dos sofrimentos do nascimento e da morte. O “mar dos sofrimentos do nascimento e da morte” é uma metáfora que indica os profundos e intermináveis sofrimentos com os quais nos deparamos nesta existência.
Referindo-se a uma passagem da obra Anotações sobre “Palavras e Frases do Sutra do Lótus” do grande mestre Miaole, Nichiren Daishonin diz: “Quem ouve pelo menos uma única sentença ou frase do sutra [do Lótus] e a guarda no fundo do coração, pode ser comparado a um barco que cruza o mar dos sofrimentos do nascimento e da morte” (CEND, v. I, p. 33). A bordo do “barco do Nam-myoho-renge-kyo [o Sutra do Lótus]” (Ibidem), é possível cruzar o mar turvo de sofrimentos, não importando quais dolorosas adversidades nos esperam na vida, e chegar à margem do outro lado da vitória e da felicidade.
A simples frase “Nam-myoho-renge-kyo” que Daishonin ensinou como a “semente do estado de buda”, a causa fundamental para atingir o estado de buda, contém em si todos os ensinamentos do Buda. Acreditando nesta única frase, todas as pessoas podem revelar sua própria natureza de buda e transformar os sofrimentos e tristezas da condição humana nas “quatro nobres virtudes” de eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza.17
O fato de Nichiren Daishonin utilizar a palavra “ouve” [“Quem ouve pelo menos uma única sentença ou frase do sutra”] é significativo. Após o trecho de Anotações sobre “Palavras e Frases do Sutra do Lótus” citado por Daishonin nesta carta, o grande mestre Miaole continua dizendo: “Se alguém aceita ou rejeita os ensinamentos, eles penetram nos ouvidos dessa pessoa, criando, dessa forma, um vínculo. E então, embora possam segui-los ou ir contra eles, no final, por causa deste vínculo essa pessoa será capaz de alcançar a libertação [isto é, alcançar a iluminação]” (WND, v. 2, p. 56). Permitir que alguém ouça sobre o Sutra do Lótus — considerando, é claro, suas particularidades — é plantar a “semente do estado de buda” no coração dessa pessoa e ativar o estado de buda inerente a ela.
Nesse sentido, não há necessidade de ficar excessivamente preocupado com a forma como os seus ouvintes reagem quando você conversa com eles sobre o budismo. Você os ajudou a estabelecer uma relação com o budismo e, eventualmente, nascerá a oportunidade de manifestar o estado de buda.
Como vimos até agora, há um enorme benefício em compartilhar até mesmo uma única sentença ou frase do Sutra do Lótus com as pessoas. Ao mesmo tempo, aqueles que ouvem suas palavras formarão uma relação com o budismo e, como resultado, conquistarão ilimitada boa sorte e benefício. É por isso que se aproximar das pessoas para falar com elas sobre o budismo é tão importante.
O Sutra do Lótus menciona “uma pessoa que encontrou um barco para fazer a travessia” [LSOC, cap. 23, p. 328 (LS, cap. 23, p. 286)]. Esse “barco” pode ser descrito da seguinte forma: Como um construtor de barcos de sabedoria infinitamente profunda, o Grande Iluminado Mundialmente Reverenciado, o senhor dos ensinamentos, coletou madeira dos quatro sabores e oito ensinamentos,18 aplainou-a, descartando totalmente os ensinamentos provisórios19 [ex. meios apropriados] [cf. LSOC, cap. 2, p. 79 (LS, cap. 2, p. 44)]; cortou-a e juntou as tábuas, formando uma perfeita unidade do certo e do errado;20 e terminou a embarcação martelando os pregos do ensinamento único, que tem sabor comparável ao da manteiga clarificada. Assim ele lançou o barco ao mar dos sofrimentos do nascimento e da morte. Desfraldando as velas dos três mil mundos sobre o mastro do ensinamento único do caminho do meio, guiado pelo vento favorável do “verdadeiro aspecto de todos os fenômenos” [LSOC, cap. 2, p. 57 (LS, cap. 2, p. 24)], o barco avança levando a bordo todas as pessoas que podem “ter acesso somente por meio da fé” [LSOC, cap. 3, p. 110 (LS, cap. 3, p. 73)]. O buda Shakyamuni maneja o leme; o buda Muitos Tesouros controla as velas; e os quatro bodisatvas [líderes dos bodisatvas da terra]21 liderados por Práticas Superiores remam com grande velocidade, em sincronia tão perfeita quanto o ajuste entre a caixa e a tampa. Esse é o “barco para fazer a travessia”. Os que conseguem subir a bordo são os discípulos de Nichiren. Acredite nisso de todo o coração. Quando o senhor visitar Shijo Kingo, por favor, converse sinceramente com ele. Voltarei a lhe escrever com mais detalhes.
Com profundo respeito.
(CEND, v. I, p. 33–34.)

A fé é o coração da nossa prática budista para atingir o estado de buda


Depois de citar um trecho do 23º capítulo do Sutra do Lótus, “Rei dos Remédios”, “um barco para fazer a travessia” (LSOC, cap. 23, p. 328 [LS, cap. 23, p. 286]), Nichiren Daishonin continua a descrever o poder do Sutra do Lótus — um barco para atravessar o mar dos sofrimentos do nascimento e da morte — com uma metáfora extremamente hábil. Ele compara o construtor de navios a Shakyamuni que possui sabedoria infinitamente profunda. Ele compara os “quatro sabores e oito ensinamentos” — ou seja, os ensinamentos anteriores ao Sutra do Lótus — ao madeiramento reunido para construir o navio.
Mas essa madeira não pode ser usada como está; primeiro ela deve ser aplainada para ficar na forma certa para se construir o barco. Citando uma ligeira variação da passagem do Sutra do Lótus, “Rejeitando honestamente os meios apropriados, [Eu] pregarei apenas o caminho insuperável” (LSOC, cap. 2, p. 79 [LS, cap. 2, p. 44-45]), ele compara o ato de “Rejeitar honestamente os meios apropriados” à ação de aplainar a madeira.
O construtor do barco — Shakyamuni — então “cortou-a e juntou as tábuas, formando uma perfeita unidade do certo e do errado; e terminou a embarcação martelando os pregos do ensinamento único, que tem sabor comparável ao da manteiga clarificada” (CEND, v. I, p. 34).
“Formando uma perfeita unidade do certo e do errado” refere-se ao conceito de que mesmo as pessoas más possuem a natureza de buda. Ao ensinar que as pessoas más podem, de fato, atingir o estado de buda — possibilidade negada nos sutras provisórios — o Sutra do Lótus abre o caminho para a iluminação de todas as pessoas. Quando esse ensinamento completo e perfeito for aceito e compreendido, os vários ensinamentos dos sutras provisórios podem revelar um novo significado.
O “ensinamento único, que tem sabor comparável ao da manteiga clarificada” refere-se ao Sutra do Lótus, o ensinamento que expõe a verdade da iluminação do Buda, que, nesse caso, é comparado ao mais puro sabor da manteiga, ou à melhor manteiga clarificada. “Os pregos do ensinamento único, que tem sabor comparável ao da manteiga clarificada” são os pontos que completam a embarcação, que em nossa analogia se refere a esse ensinamento.
O grande barco do Sutra do Lótus é projetado e construído de acordo com a exata intenção do Buda, que consiste em reconhecer e manifestar a natureza de buda inerente em todas as pessoas.
Uma vez que o barco está construído, é finalmente a vez de lançá-lo ao mar dos sofrimentos do nascimento e da morte.
O mastro do barco é o “ensinamento único do caminho do meio”, e as velas são os “três mil mundos”. O “ensinamento único do caminho do meio” é a verdade última para a qual o buda despertou, e que serve como o mastro principal. Os “três mil mundos” nesse contexto englobam as doutrinas da “possessão mútua dos dez mundos”, dos “cem mundos e mil fatores”, e dos “três mil mundos num único momento da vida”. Estes se referem ao verdadeiro aspecto de todos os fenômenos e ao ilimitado estado de buda baseado na Lei Mística. Esses componentes formam as velas do barco.
A embarcação é levada para a outra margem da iluminação pelo vento favorável do ensinamento do buda do “verdadeiro aspecto de todos os fenômenos” (LSOC, cap. 2, p. 57 [LS, cap. 2, p. 24]). O “verdadeiro aspecto de todos os fenômenos” consiste na natureza essencial de todas as coisas. No Sutra do Lótus, o “verdadeiro aspecto de todos os fenômenos” indica que o magnífico estado de buda é inerente a todas as coisas. Quando nos dedicamos à prática budista baseada na fé na Lei Mística, que incorpora essa verdade, manifestamos a sabedoria e a força para seguir em frente e superar todas as dificuldades e privações. É por isso que o “verdadeiro aspecto de todos os fenômenos” é comparado ao vento que infla as velas e move o navio para a frente.
Os passageiros do barco são todas as pessoas que podem “ter acesso somente por meio da fé”22 — isto é, todos os que abraçam a fé na Lei Mística. O barco do Sutra do Lótus é a grande embarcação que leva todas as pessoas à iluminação, sem discriminação. Porém, sem fé não se pode obter acesso ao barco. Por outro lado, qualquer pessoa que creia na Lei Mística tem acesso garantido.
Shakyamuni, afirma Daishonin, está no leme guiando o barco e todos os seus passageiros com cautela até a outra margem da iluminação, enquanto o buda Muitos Tesouros, que atesta a verdade dos ensinamentos de Shakyamuni no Sutra do Lótus, segura a corda para a ancoragem.
Os quatro líderes dos bodisatvas da terra, liderados por Práticas Superiores, remam em direção ao destino definido pelo Buda. Os bodisatvas da terra e esses quatro líderes se referem àqueles que realmente defendem os ensinamentos do Buda, instruindo e orientando os outros pelo caminho do estado de buda. Eles representam a força motriz que leva o barco, com todos os seus passageiros, até a margem da iluminação.
E este é o barco do Sutra do Lótus, cujo objetivo é a realização do desejo fundamental do Buda. Shakyamuni está no leme e Muitos Tesouros segura a corda da ancoragem. O mastro do “ensinamento único do caminho do meio” se ergue do convés, as velas dos “três mil mundos num único momento da vida” se inflam com vento, e os quatro bodisatvas remam rumo à iluminação de todas as pessoas. É um barco verdadeiramente magnífico!
Concluindo esta metáfora, Daishonin escreve: “Os que conseguem subir a bordo são os discípulos de Nichiren” (CEND, v. I, p. 34). Ele indica, portanto, que Shiiji Shiro e todos os outros discípulos que defendem corretamente a fé na Lei Mística estão qualificados a embarcar no barco e podem atravessar o mar dos sofrimentos do nascimento e da morte rumo ao estado de buda. É por isso que Daishonin brada para Shiiji Shiro: “Acredite nisso de todo coração” (Ibidem), salientando a importância da fé.

“Este barco está na rota segura de uma conquista histórica”


Relendo esta carta, vemos que Nichiren Daishonin busca incutir coragem e convicção em Shiiji Shiro, um discípulo de fé advinda de um puro coração, transmitindo a ele quão maravilhoso é lutarem juntos como mestre e discípulo e ensinar os outros mesmo que uma única frase do Sutra do Lótus.
Na mesma orientação que citei no início desta explanação, Toda Sensei afirma que o trabalho para o qual fomos designados como emissários do Buda consiste em ajudar todas as pessoas a atingir o estado de buda e elevar a condição de vida de toda a humanidade: “Quando todas as pessoas manifestarem o estado de buda, ou seja, quando revelarem o supremo valor de seu caráter, não haverá nem guerra nem fome no mundo. Não haverá doenças nem pobreza. Permitir que todas as pessoas se tornem budas, elevando a condição do caráter a um nível de supremo valor é o que significa realizar “o trabalho d’Aquele que Assim Chega”.23
Este ano marca sessenta e cinco anos desde que participei pela primeira vez em uma reunião [da Soka Gakkai] com Toda Sensei [explanação proferida em 2012], que demonstrou o mesmo nobre espírito de luta de Daishonin. Durante todo esse tempo, dediquei-me à luta totalmente de acordo com as orientações do meu venerado mestre.
Agora, gostaria de bradar bem alto aos meus queridos jovens e a todos os meus amados companheiros do mundo inteiro: a Soka Gakkai é um grande barco que navega rumo a paz, harmonia e prosperidade da humanidade, singrando os mares tempestuosos do século 21, uma vez que defende o princípio budista de respeito pela dignidade da vida.
A Soka Gakkai é o grande barco da filosofia que eleva o estado de vida das pes­soas; é a grande embarcação da coragem que revitaliza o espírito dos outros; e é o grande barco da sabedoria que ilumina o futuro. Tal como diz uma conhecida canção da Gakkai, “Este barco está na rota segura de uma conquista histórica”.24
Compartilhando alegremente nossa inabalável convicção com os outros, mesmo que seja apenas por meio de uma única frase, vamos compor corajosamente um drama de vitória como emissários do Buda, com a determinação de que a Soka Gakkai é de fato um grande barco de esperança para a humanidade.
(Daibyakurenge, edição
de fevereiro de 2012.)
Com a colaboração/revisão do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da BSGI
Notas: 1. Traduzido do japonês. TODA, Josei. Toda Josei Zenshu [Coletânea de Orientações de Josei Toda]. Tóquio: Seikyo Shimbunsha, 1981, v. 1, p. 304. 2. Kachi Sozo [“Criação de Valor”]: Jornal da Soka Kyoiku Gakkai (Sociedade Educacional de Criação de Valor, precursora da Soka Gakkai). Sua primeira edição foi publicada em julho de 1941. Foi tirado de circulação durante a guerra pelo Gabinete de Comunicação Social, em maio de 1942. A Soka Gakkai retomou sua publicação depois da guerra, entre junho de 1946 e novembro de 1948. Em julho de 1949, a nova publicação mensal de estudo, Daibyakurenge, foi inaugurada. 3. Toda Josei Zenshu [Coletânea de Orientações de Josei Toda], v. 1, p. 304. 4. Na lenda chinesa, Shi Kuang era um músico da corte possuidor de uma audição tão aguçada que conseguia avaliar a qualidade de um sino recém-fundido, algo que os músicos comuns não eram capazes de fazer. A visão de Li Lou era tão excepcional que podia enxergar a ponta de um fio de cabelo a cem passos de distância. 5. Tiantai (538–597): Fundador da escola Tiantai na China. Comumente referido como o grande mestre Tiantai. Seus discursos foram compilados em vários trabalhos, como O Profundo Significado do Sutra do Lótus, Palavras e Frases do Sutra do Lótus e Grande Concentração e Discernimento. Ele propagou o Sutra do Lótus na China e estabeleceu a doutrina dos “três mil mundos num único momento da vida”. 6. Grande Concentração e Discernimento. 7. Shijo Kingo (c. 1230–1300): Um dos principais discípulos de Nichiren Daishonin. Serviu à família Ema como samurai. Essa família era uma ramificação do clã Hojo que exercia o poder. Shijo Kingo era versado em medicina e artes marciais. Acredita-se que ele tenha se convertido aos ensinamentos de Nichiren Daishonin por volta de 1256. Quando Daishonin foi levado para Tatsunokuchi para ser decapitado, em 1271, Shijo Kingo o acompanhou, determinado a morrer ao seu lado. 8. No escrito O Grande Bodisatva Hachiman (1280), endereçado a Shijo Kingo e sua esposa, Nichigen-nyo, Daishonin escreve: “Shiiji Shiro me disse que [Shijo Kingo] tem discutido os ensinamentos budistas na presença de seu senhor, o que me encanta infinitamente” (WND, v. 1, p. 1080). Em A Batalha de Koan (1281), carta endereçada a Toki Jonin, ele escreve: “E eu compreendo sobre Shiiji Shiro” (WND, v. 2, p. 969). Além disso, Nikko Shonin registra Shiiji Shiro entre os que compareceram ao funeral de Nichiren Daishonin. 9. Toki Jonin (1216–1299): Discípulo leigo de Nichiren Daishonin que morava em Wakamiya, distrito de Katsushika, na província de Shimosa (atual parte de Chiba). Foi o líder dos samurais do lorde de Chiba, polícia daquela província. Ele se converteu aos ensinamentos de Nichiren Daishonin por volta de 1254, um ano depois de Daishonin ter proclamado pela primeira vez seu ensinamento no templo Seicho-ji. Também conhecido como o sacerdote leigo Toki. E foi o destinatário de muitos dos escritos de Nichiren Daishonin, incluindo O Objeto de Devoção para Observar a Mente, a maioria dos quais ele preservou cuidadosamente. 10. Purificação dos seis órgãos dos sentidos: Também conhecida como a purificação dos seis sentidos. Refere-se a purificar os seis órgãos dos sentidos: olhos, ouvidos, nariz, língua, corpo e mente, tornando possível compreender as coisas corretamente. O 19º capítulo do Sutra do Lótus, “Os Benefícios do Mestre da Lei”, explica que aqueles que protegem e praticam o sutra adquirem o benefício de 800 olhos, narizes e corpos, e o benefício de 1.200 ouvidos, línguas e mentes, e que por meio desses benefícios os seis órgãos dos sentidos se tornam refinados e puros. 11. Traduzido do japonês. MAKIGUCHI, Tsunesaburo. Makiguchi Tsunesaburo Zenshu [Coletânea de Orientações de Tsunesaburo Makiguchi]. Tóquio: Daisanbunmei-sha, 1987, v. 10, p. 152. 12. “Três obstáculos e quatro maldades”: Vários obstáculos e maldades para a prática do budismo. Os “três obstáculos” são: (1) obstáculo dos desejos mundanos; (2) obstáculo do carma; e (3) obstáculo da retribuição. As “quatro maldades” são: (1) maldade dos cinco componentes; (2) maldade dos desejos mundanos; (3) maldade da morte; e (4) maldade celestial. 13. “Três poderosos inimigos”: Três tipos de pessoas arrogantes que perseguem os que propagam o Sutra do Lótus na era maléfica posterior à morte do buda Shakyamuni. São descritos no 13º capítulo do Sutra do Lótus, “Encorajamento à Devoção”. O grande mestre Miaole, da China, classifica os “três poderosos inimigos” em: (1) leigos arrogantes; (2) sacerdotes arrogantes; e (3) sábios falsos e arrogantes. 14. Campanha de Fevereiro: Em fevereiro de 1952, o presidente Ikeda, então consultor do Distrito Kamata, iniciou uma dinâmica campanha de propagação. Com os membros de Kamata, ele quebrou o recorde mensal que era de cerca de 100 novas famílias, conquistando 201 novas famílias convertidas. 15. Miaole (711–782): Um patriarca da escola Tiantai na China. Ele é reverenciado como restaurador dessa escola. Seus comentários sobre as três grandes obras de Tiantai são intitulados: Anotações sobre “Profundo Significado do Sutra do Lótus”, Anotações sobre “Palavras e Frases do Sutra do Lótus”, e Anotações sobre “Grande Concentração e Discernimento”. 16. Anotações sobre “Palavras e Frases do Sutra do Lótus”. “O outro lado da margem” representa o nirvana, ou a iluminação, ao passo que a margem em que as pessoas vivem representa ilusão. 17. As “quatro virtudes” são eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza. Descrevendo as nobres qualidades de vida do Buda, elas são assim explicadas: “eternidade” indica o que é imutável e eterno; “felicidade” significa a tranquilidade que transcende todo o sofrimento; “verdadeiro eu” indica a natureza verdadeira e intrínseca; e “pureza” significa livre de ilusão ou de conduta equivocada. 18. Quatro sabores: Também conhecidos como os quatro primeiros sabores. Uma referência aos quatro primeiros dos cinco sabores do leite — leite fresco, nata, coalhada, manteiga e manteiga clarificada (a mais fina manteiga). “Quatro sabores” são uma expressão usada para indicar os ensinamentos anteriores ao Sutra do Lótus do Buda. Tiantai usou os cinco sabores como uma metáfora para se referir aos ensinamentos dos cinco períodos — Guirlanda de Flores, Agama, Correto e Igual, Sabedoria, e Lótus e Nirvana. Então, ele comparou o processo pelo qual Shakyamuni orientou seus discípulos e desenvolveu gradualmente a capacidade deles de converterem o leite em manteiga clarificada. 19. Daishonin cita a frase “descartando honestamente os meios apropriados” do segundo capítulo do Sutra do Lótus, “Meios Apropriados”, com uma ligeira alteração. 20. A expressão “Formando uma perfeita unidade do certo e do errado” significa que tanto o bem como o mal são sempre inerentes à vida. Os sutras provisórios defendem a ideia de que as pessoas perversas não podem atingir a iluminação, mas o Sutra do Lótus mostra, por meio do exemplo de Devadatta, que mesmo as pessoas más possuem a natureza de buda e, portanto, podem atingir a iluminação. 21. Quatro bodisatvas: Também conhecidos como os quatro grandes bodisatvas ou quatro líderes dos bodisatvas da terra. Seus nomes são: Práticas Superiores, Práticas Ilimitadas, Práticas Puras e Práticas Consolidadas. Eles são os líderes dos incontáveis bodisatvas que surgem da terra, em resposta ao chamado de Shakyamuni, no 15º capítulo do Sutra do Lótus, “Emergindo da Terra”. No 21º capítulo do Sutra do Lótus, “Os Poderes Sobrenaturais d’Aquele que Assim Chega”, Shakyamuni transfere a essência do sutra e confia sua propagação após a sua morte a esses bodisatvas. Práticas Superiores é o primeiro dos quatro líderes. 22. Trecho do terceiro capítulo do Sutra do Lótus, “Analogia e Parábola”, que afirma que mesmo Shariputra, um dos dez maiores discípulos de Shakyamuni, conhecido como o mais notável em sabedoria e entendimento da verdadeira intenção da pregação do Buda, pode compreender o Sutra do Lótus por meio da fé. 23. Traduzido do japonês. TODA, Josei. Toda Josei Zenshu [Coletânea de Orientações de Josei Toda]. Tóquio: Seikyo Shimbunsha, 1981, v. 1, p. 306. 24. Trecho da canção da Soka Gakkai Kofu ni Hashire (Rumo ao Kosen-rufu).

Caderno BVD




Ajustando as velas rumo à vitória

Edição 2273 - Publicado em 25/Abril/2015 - Página D4
Departamento de Estudo do Budismo
“Ser o sol que ilumina as pessoas”, afirma o presidente Ikeda é a missão dos membros da SGI.
Na época atual, muitas pessoas encontram-se sem esperança e os aspectos negativos da sociedade as atingem diretamente. Essa influência pode ser positiva ou negativa dependendo do seu estado de vida. 
“Muitas coisas mudam conforme nossa percepção”, escreveu o presidente Ikeda, “até a situação mais desagradável, terrível e insolúvel pode converter-se em um panorama amplo, brilhante e magnífico”. 
Se somos influenciados negativamente, a lamentação e a desesperança farão parte de nosso cotidiano. Se a influência for positiva, aproveitamos a oportunidade para fortalecer a prática da fé e a própria vida. 
No livro Preleção dos Capítulos Hoben e Juryo, o presidente Ikeda cita o filósofo suíço Carl Hilty: “Em vez de reclamarmos que a rosa tem espinhos, deveríamos nos alegrar pelo fato de um arbusto espinhoso como a roseira dar flores magníficas” (PHJ, p. 300).

Orar, agir e vencer


A determinação vitoriosa é a chave para a transformação da vida. Seja qual for a situação, pelo princípio da simultaneidade de causa e efeito, deve-se criar um grande objetivo — pontuando todos os detalhes daquilo que se almeja —, orar e agir, decidindo a vitória. Pode-se dizer que essa forte fé transforma em alegria todas as circunstâncias adversas e tal como o trecho do Gosho estudado neste caderno, a determinação é a causa para a conquista da vitória total. 
Podemos relacionar esse princípio com uma viagem de barco. Por mais sofisticada que seja a embarcação, se apenas ficar estacionada no porto, sem nenhum trajeto a ser percorrido, ela se tornará obsoleta e terá problemas mecânicos pela falta de uso. Porém, no momento em que decidir navegar e conquistar novos mares, quanto maior for sua velocidade rumo ao seu destino, mais fortes serão os ventos contrários. Porém, ajustando suas velas, a ventania se tornará a maior aliada da embarcação, que a impulsionará para seu objetivo final. 
O Buda declara que o Nam-myoho-renge-kyo é o barco que seguramente transporta todos os praticantes pelo grande mar de sua existência rumo ao objetivo da concretização de uma vida plena.
A recitação do daimoku e a dedicação pelo ideal do kosen-rufu é a fórmula que temos para “ajustarmos nossas velas” e aproveitarmos os ventos adversos que surgirem para direcionar nossa vida rumo à felicidade absoluta.

Caderno BVD




Um Barco para Atravessar o Mar dos Sofrimentos

Edição 2273 - Publicado em 25/Abril/2015 - Página D2

Gosho a ser estudado no BVD de maio Com base na explanação do presidente Ikeda publicada na revista Terceira Civilização, ed. 551, jul. 2014

“Nos Últimos Dias da Lei, o devoto do Sutra do Lótus aparecerá infalivelmente. Quanto piores forem as adversidades que recaírem sobre o devoto, maior será a alegria que ele sentirá devido à forte fé. O fogo não arde mais intensamente quando a lenha é adicionada? Todos os rios desembocam no mar; no entanto, poderia ocorrer de o mar rejeitar as águas deles?”

Conceitos

Devoto do Sutra do Lótus: Refere-se ao próprio buda Nichiren Daishonin que realizou a autêntica prática do devoto do Sutra do Lótus, demonstrando a verdade deste sutra. Daishonin dedicou-se de forma altruística para propagar a Lei como devoto do Sutra do Lótus, revelando corajosamente a atitude errônea das pessoas de sua época em relação ao Sutra. Corresponde também a todos que propagam o Nam-myoho-renge-kyo, realizando shakubuku, exatamente de acordo com o Sutra do Lótus.
Maior será a alegria: No contexto desta frase, refere-se à felicidade absoluta, ou seja, manifestar a iluminação ou o estado de buda. Felicidade absoluta é não ser dominado por nenhum tipo de mudança externa e, sim, possuir um senso de realização e de satisfação no nível da própria vida. Quando vivemos nessa condição, construímos uma vida de grande satisfação, alegria e realização.
Forte fé: Fé no budismo significa “acreditar e abraçar”. A forte fé no Sutra do Lótus conduz ao estado de buda. Por meio da recitação enérgica do Nam-myoho-renge-kyo e a prática constante do shakubuku que nos capacita a extrair forte energia vital, triunfar sobre as forças negativas e transformar o destino.

Cenário histórico


Nichiren Daishonin escreveu esta carta em Kamakura em 1261, aproximadamente duas semanas antes de ter sido exilado em Ito, na Península de Izu. Pouco se sabe sobre o recebedor, Shiiji Shiro, que viveu na província de Suruga e era amigo de dois importantes discípulos de Daishonin, Shijo Kingo e Toki Jonin. Neste escrito, Daishonin ensina que o daimoku do Sutra do Lótus é o “barco” que possibilita uma pessoa a atravessar infalivelmente o mar dos inevitáveis sofrimentos da vida e discute a missão e o benefício da dedicação como um devoto do Sutra do Lótus.

Nova forma de ver a vida


O budismo ensina que há “quatro sofrimentos” — nascimento, envelhecimento, doença e morte — são fatores inevitáveis da condição humana. Os “quatro sofrimentos”, aos olhos dos mortais comuns, representam obstáculos para a felicidade. No entanto, aos olhos de um buda, isto é, de uma pessoa iluminada, fazem parte da vida e são transformados nas “quatro virtudes” — eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza.

Entenda a frase do Gosho


Texto do Departamento de Estudo do Budismo
Encarar o problema como oportunidade
Nesta carta [Um Barco para Atravessar o Mar dos Sofrimentos], Nichiren Daishonin cita uma passagem da obra Grande Concentração e Discernimento, de Tiantai, para esclarecer dois aspectos do estado de vida do devoto do Sutra do Lótus que enfrenta várias dificuldades.
Primeiro, o estado de vida do devoto é comparado ao fogo, e as dificuldades, à lenha. Colocando lenha, uma fogueira queima ainda mais rapidamente. Da mesma forma, as dificuldades fazem a chama da fé do devoto arder intensamente, e também fortalece a consciência e a confiança da missão do devoto. 
Segundo, o estado de vida do devoto é comparado ao mar, e as dificuldades, aos rios. Os rios correm para o mar e o mar não rejeita suas águas, em vez disso, aceita a água nele derramada, se avoluma e se torna abundante.
Daishonin demonstra que as dificuldades devem ser consideradas como uma parte integrante da vida de todo ser humano e que representam oportunidades para crescimento ou desenvolvimento. O devoto não se alegra com as adversidades em si, ele se alegra com o potencial das adversidades para gerar crescimento. Por meio da recitação do Nam-myoho-renge-kyo ao Gohonzon, manifestamos nossa natureza de buda e conseguimos compreender a função do sofrimento.
As dificuldades fazem nossa fé brilhar e nos permite manifestar um estado de vida tão vasto quanto o oceano e manifestar o estado de buda infalivelmente. Quando praticamos o Budismo de Nichiren Daishonin, somos capazes de encarar as dificuldades como oportunidades ideais para transformarmos o nosso destino.
Daishonin afirma que “sem as adversidades, não existiria o devoto do Sutra do Lótus” (CEND, v. I, p. 33). O devoto do Sutra do Lótus nos Últimos Dias da Lei infalivelmente encontrará dificuldades. No entanto, longe de serem motivos para lamentar, essas dificuldades capacitam-no a cumprir seu grande propósito.
Somente lutando contra a adversidade é que sentimos a verdadeira profundidade da vida. Isso também nos capacita a expandir nossa condição de vida, fortalecendo e lapidando nosso caráter (BS, ed. 1.844, 20 maio 2006, p. A3).

Esforçar-se para ser um genuíno praticante


O primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi, fez uma distinção entre aqueles que simplesmente acreditam no Sutra do Lótus e aqueles que realmente o praticam: “Deparar-se com obstáculos ou funções malignas é o que distingue os ‘genuínos praticantes’ dos ‘meros crentes’.1 Os “meros crentes” são aqueles interessados unicamente em seu próprio benefício e que não enfrentam “os três obstáculos e as quatro maldades”.2 Já os “genuínos praticantes” se dedicam à prática de bodisatva em prol do kosen-rufu pela felicidade de si mesmos e dos outros e combatem altivamente “os três obstáculos e as quatro maldades” em meio à própria realidade.
Assim como as ondas se formam pelas ações do vento, a atuação transforma a dura realidade da vida. A ação dos genuínos praticantes tem a força de derrubar muralhas e elevar a condição de vida, pois são pessoas que não desistem. Eles propagam o ensinamento da iluminação universal e lutam sem retroceder contra as forças negativas, afinal o budismo não existe separado da nossa ação como seres humanos.
Como tal, também se concentram em ensinar que todas as pessoas são dotadas da natureza de buda e são as mais dignas de respeito, e procuram dar abertura ao ilimitado potencial inerente a cada uma. Além de tudo, são pessoas que oram e trabalham mais do que ninguém para realizar o shakubuku.

Tema para diálogo

Diante das dificuldades, qual é a minha postura: “mero crente” ou “genuíno praticante”?
Desejamos que o BVD (Budismo na Vida Diária) deste mês seja ótimo e, para isso, sugerimos a pergunta acima para um produtivo diálogo.
NOTAS:
1. Makiguchi, Tsunesaburo. Makiguchi Tsunesaburo Zenshu [Coletânea de Orientações de Tsunesaburo Makiguchi]. Tóquio: Daisanbunmei-sha, 1987, v. 10, p. 152.
2. Os “três obstáculos” são: (1) obstáculo dos desejos mundanos; (2) obstáculo do carma; e (3) obstáculo da retribuição. As “quatro maldades” são: (1) maldade dos cinco componentes; (2) maldade dos desejos mundanos; (3) maldade da morte; e (4) maldade celestial.