terça-feira, 26 de maio de 2015

Caderno BVD




Um Barco para Atravessar o Mar dos Sofrimentos

Edição 2273 - Publicado em 25/Abril/2015 - Página D2

Gosho a ser estudado no BVD de maio Com base na explanação do presidente Ikeda publicada na revista Terceira Civilização, ed. 551, jul. 2014

“Nos Últimos Dias da Lei, o devoto do Sutra do Lótus aparecerá infalivelmente. Quanto piores forem as adversidades que recaírem sobre o devoto, maior será a alegria que ele sentirá devido à forte fé. O fogo não arde mais intensamente quando a lenha é adicionada? Todos os rios desembocam no mar; no entanto, poderia ocorrer de o mar rejeitar as águas deles?”

Conceitos

Devoto do Sutra do Lótus: Refere-se ao próprio buda Nichiren Daishonin que realizou a autêntica prática do devoto do Sutra do Lótus, demonstrando a verdade deste sutra. Daishonin dedicou-se de forma altruística para propagar a Lei como devoto do Sutra do Lótus, revelando corajosamente a atitude errônea das pessoas de sua época em relação ao Sutra. Corresponde também a todos que propagam o Nam-myoho-renge-kyo, realizando shakubuku, exatamente de acordo com o Sutra do Lótus.
Maior será a alegria: No contexto desta frase, refere-se à felicidade absoluta, ou seja, manifestar a iluminação ou o estado de buda. Felicidade absoluta é não ser dominado por nenhum tipo de mudança externa e, sim, possuir um senso de realização e de satisfação no nível da própria vida. Quando vivemos nessa condição, construímos uma vida de grande satisfação, alegria e realização.
Forte fé: Fé no budismo significa “acreditar e abraçar”. A forte fé no Sutra do Lótus conduz ao estado de buda. Por meio da recitação enérgica do Nam-myoho-renge-kyo e a prática constante do shakubuku que nos capacita a extrair forte energia vital, triunfar sobre as forças negativas e transformar o destino.

Cenário histórico


Nichiren Daishonin escreveu esta carta em Kamakura em 1261, aproximadamente duas semanas antes de ter sido exilado em Ito, na Península de Izu. Pouco se sabe sobre o recebedor, Shiiji Shiro, que viveu na província de Suruga e era amigo de dois importantes discípulos de Daishonin, Shijo Kingo e Toki Jonin. Neste escrito, Daishonin ensina que o daimoku do Sutra do Lótus é o “barco” que possibilita uma pessoa a atravessar infalivelmente o mar dos inevitáveis sofrimentos da vida e discute a missão e o benefício da dedicação como um devoto do Sutra do Lótus.

Nova forma de ver a vida


O budismo ensina que há “quatro sofrimentos” — nascimento, envelhecimento, doença e morte — são fatores inevitáveis da condição humana. Os “quatro sofrimentos”, aos olhos dos mortais comuns, representam obstáculos para a felicidade. No entanto, aos olhos de um buda, isto é, de uma pessoa iluminada, fazem parte da vida e são transformados nas “quatro virtudes” — eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza.

Entenda a frase do Gosho


Texto do Departamento de Estudo do Budismo
Encarar o problema como oportunidade
Nesta carta [Um Barco para Atravessar o Mar dos Sofrimentos], Nichiren Daishonin cita uma passagem da obra Grande Concentração e Discernimento, de Tiantai, para esclarecer dois aspectos do estado de vida do devoto do Sutra do Lótus que enfrenta várias dificuldades.
Primeiro, o estado de vida do devoto é comparado ao fogo, e as dificuldades, à lenha. Colocando lenha, uma fogueira queima ainda mais rapidamente. Da mesma forma, as dificuldades fazem a chama da fé do devoto arder intensamente, e também fortalece a consciência e a confiança da missão do devoto. 
Segundo, o estado de vida do devoto é comparado ao mar, e as dificuldades, aos rios. Os rios correm para o mar e o mar não rejeita suas águas, em vez disso, aceita a água nele derramada, se avoluma e se torna abundante.
Daishonin demonstra que as dificuldades devem ser consideradas como uma parte integrante da vida de todo ser humano e que representam oportunidades para crescimento ou desenvolvimento. O devoto não se alegra com as adversidades em si, ele se alegra com o potencial das adversidades para gerar crescimento. Por meio da recitação do Nam-myoho-renge-kyo ao Gohonzon, manifestamos nossa natureza de buda e conseguimos compreender a função do sofrimento.
As dificuldades fazem nossa fé brilhar e nos permite manifestar um estado de vida tão vasto quanto o oceano e manifestar o estado de buda infalivelmente. Quando praticamos o Budismo de Nichiren Daishonin, somos capazes de encarar as dificuldades como oportunidades ideais para transformarmos o nosso destino.
Daishonin afirma que “sem as adversidades, não existiria o devoto do Sutra do Lótus” (CEND, v. I, p. 33). O devoto do Sutra do Lótus nos Últimos Dias da Lei infalivelmente encontrará dificuldades. No entanto, longe de serem motivos para lamentar, essas dificuldades capacitam-no a cumprir seu grande propósito.
Somente lutando contra a adversidade é que sentimos a verdadeira profundidade da vida. Isso também nos capacita a expandir nossa condição de vida, fortalecendo e lapidando nosso caráter (BS, ed. 1.844, 20 maio 2006, p. A3).

Esforçar-se para ser um genuíno praticante


O primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi, fez uma distinção entre aqueles que simplesmente acreditam no Sutra do Lótus e aqueles que realmente o praticam: “Deparar-se com obstáculos ou funções malignas é o que distingue os ‘genuínos praticantes’ dos ‘meros crentes’.1 Os “meros crentes” são aqueles interessados unicamente em seu próprio benefício e que não enfrentam “os três obstáculos e as quatro maldades”.2 Já os “genuínos praticantes” se dedicam à prática de bodisatva em prol do kosen-rufu pela felicidade de si mesmos e dos outros e combatem altivamente “os três obstáculos e as quatro maldades” em meio à própria realidade.
Assim como as ondas se formam pelas ações do vento, a atuação transforma a dura realidade da vida. A ação dos genuínos praticantes tem a força de derrubar muralhas e elevar a condição de vida, pois são pessoas que não desistem. Eles propagam o ensinamento da iluminação universal e lutam sem retroceder contra as forças negativas, afinal o budismo não existe separado da nossa ação como seres humanos.
Como tal, também se concentram em ensinar que todas as pessoas são dotadas da natureza de buda e são as mais dignas de respeito, e procuram dar abertura ao ilimitado potencial inerente a cada uma. Além de tudo, são pessoas que oram e trabalham mais do que ninguém para realizar o shakubuku.

Tema para diálogo

Diante das dificuldades, qual é a minha postura: “mero crente” ou “genuíno praticante”?
Desejamos que o BVD (Budismo na Vida Diária) deste mês seja ótimo e, para isso, sugerimos a pergunta acima para um produtivo diálogo.
NOTAS:
1. Makiguchi, Tsunesaburo. Makiguchi Tsunesaburo Zenshu [Coletânea de Orientações de Tsunesaburo Makiguchi]. Tóquio: Daisanbunmei-sha, 1987, v. 10, p. 152.
2. Os “três obstáculos” são: (1) obstáculo dos desejos mundanos; (2) obstáculo do carma; e (3) obstáculo da retribuição. As “quatro maldades” são: (1) maldade dos cinco componentes; (2) maldade dos desejos mundanos; (3) maldade da morte; e (4) maldade celestial.

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